1 de dezembro de 2011

Visita Técnica ao Parque das Nascentes em Salesópolis (SP)

No dia 23/10/2011 aconteceu a 2ª Oficina denominada “Visita Técnica ao Parque das Nascentes em Salesópolis (SP)” realizada pela Atiboré, com apoio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA).

A equipe do projeto acordou os pescadores e suas famílias bem cedinho para aproveitar um belíssimo domingo de muito sol!  Um ônibus de turismo passou pela estrada principal da Ilha do Bororé (Estrada de Itaquequecetuba) completando praticamente todos os seus 42 lugares com os pescadores artesanais e suas familias rumo à cidade de Salesópolis, interior de São Paulo.  Durante o percurso houve a palestra do tecnólogo em Aquicultura e Pesca Saulo Edy Kann da Rocha Santos e da professora e bióloga Milana Rocha de Souza que discorreram sobre a importância das águas subterrânea, sua formação e as possíveis formas de contaminação (Fotos 1, 2 e 3).




Fotos 1 e 2 – Início da “Visita Técnca ao Parque das Nascentes em Salesópolis.


Foto 3 – Palestra de Saulo e Milana no ônibus.


Nossa primeira parada foi na cidade de Mogi das Cruzes (SP) para o encontro com as guias da região (empresa Ecotur) e uma explanação foi dada sobre o Projeto “Tietê Vivo – Salesópolis” (Foto 4).
                                                                  Foto 4 – Explicação da Guia.                                                       

 Para entender um pouco sobre o projeto “Tietê vivo – Salesópolis”,  é importante observar o chamado “Cinturão Verde” (Foto 5) – uma área produtora de hortifrutigranjeiros que abastece os maiores centros populacionais do Brasil. Atualmente, a região,  conta com a tecnologia de países desenvolvidos, tais como Israel (irrigação por gotejamento em estufas), e muitos proprietários da região são descendentes de famílias japonesas. O cinturão verde compreende os municípios de Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.


Foto 5 – Cinturão Verde.






Chegando à Salesópolis, fizemos uma parada para o almoço, e o local escolhido foi a  “Casarão Senzala” (Foto 6).  Esse local é um típico casarão de taipa, construído por volta do século 19, e que serviu por muito tempo como ponto de parada dos comerciantes vindos de São Paulo e Vale do Parnaíba que percorriam a rota conhecida como a “Rota do Sal” ou “Rota do Padre Dória”.

 Neste local, eram comercializados vários produtos, e destava-se a compra e venda de escravos. Os pescadores e seus familiares puderam conhecer a história desse local e também aproveitar, mesmo por pouco tempo, contemplaram a linda paisagem verde além de saborearem uma excelente comida caseira (Foto 7), servido ao modo “self-service”.


Sobre a história do local:

A construção do casarão foi dividida em duas partes, uma delas sendo com acabamento, ou seja, piso, forro, janelas, reboco, que, para a época considerava-se local apropriado para os brancos, enquanto a outra, o piso é de chão batido, sem nenhum acabamento.
 Acredita-se que nesse local eram colocados os escravos onde ocorria a “barganha” e compra e venda. Acredita-se também que, em análise mais apurada, que o “Senzala” não se tratava de uma verdadeira senzala, mas sim de um ponto que servia também para o comércio de escravos. Ainda no local encontram-se artefatos de ferro usados na época. Hoje o local guarda sua história, pois os proprietários procuram manter, dentro de suas possibilidades, a estrutura original. 

        Foto 6 – Explicação da guia no Casarão Senzala 






Foto 7 – Almoço no Casarão Senzala


Seguimos nossa visita técnica agora ao Parque das Nascentes (Foto 8). A história do nosso rio Tietê foi ouvida pela primeira vez por muitos visitantes, incluindo nossa comunidade pesqueira muito participativa (Foto 9).

Sobre a história do rio Tietê:
Apesar de o rio Tietê ter várias nascentes, uma delas é considerada a principal por estar mais alta (em relação ao nível médio do mar) que as outras, situa-se em Salesópolis na serra do Mar, a 1.120 metros de altitude e apesar de estar a apenas 22 quilômetros do litoral, as escarpas da serra do Mar obrigam-no a percorrer em sentido inverso, rumo ao interior paulista, atravessando o Estado de São Paulo, de sudeste a noroeste até desaguar no lago formado pela barragem de Jupiá, no rio Paraná, entre os municípios de Itapura (São Paulo) e Três Lagoas (Mato Grosso do Sul), a cerca de cinqüenta quilômetros à jusante da cidade de Pereira Barreto (SP).
O nome "Tietê" foi registrado pela primeira vez em um mapa no ano de 1.748 (mapa D'Anvile). As nascentes localizam-se no Parque Nascentes do Rio Tietê - Município de Salesópolis (SP). São cerca de 134 hectares, dos quais 9,6 já estão sob controle ambiental  (foram desapropriadas), protegendo as diversas nascentes que  formam o mais importante rio do Estado de São Paulo e que através da reversão das águas do Rio Pinheiros são bombeadas para a represa Billings,  onde se situa a Ilha do Bororé que é o local onde estamos realizando a analise das águas subterrâneas (foco de nosso projeto).
Atualmente, o rio Pinheiros ainda continua a ser bombeado para a represa Billings, porém, apenas quando há a possibilidade de se ter enchentes na região metropolitana, isto em épocas de chuvas.
A Constituição Paulista de 05.10.1989, no artigo 46 das Disposições Transitórias determinou que após três anos de sua promulgação seria cessado o bombeamento das águas do rio Pinheiros para a represa Billings. Na data prevista (04.10.1992), a medida foi tomada. 


                                                      Foto 8 – Entrada do Parque das Nascentes.                                              


  Foto 9 – Explicação da Guia no Parque.


Curiosidade – Sobre a Nascente
Localiza-se no bairro da Pedra Rajada, a dezessete quilômetros do centro de Salesópolis, junto a divisa com o Município de Paraibuna. O acesso se dá pela estrada SP-88 (Estrada das Pitas), onde se acessa uma estrada vicinal de seis quilômetros em terra batida que leva às nascentes.
Inicialmente a área era particular e teve sua flora original destruída. Tombado pelo Governo do Estado, a área foi reflorestada com mudas nativas, apresentando-se agora como floresta secundária.
As nascentes surgem entre rochas que acabam por formar um pequeno lago (Foto 10 e 11). A água do Tietê brota em três diferentes pontos e o lago formado é povoado por pequenos peixes, como os guarus.


Foto 10 – As três principais nascentes do Parque










Foto 11 – Chegada à nascente do Rio Tietê


Há poucos metros de sua nascente, um vertedouro permite medir o volume de água gerado pelo lençol freático. Destaca-se o elevado fluxo de água produzido pela nascente. Um mural no local fornece alguns dados da nascente do rio Tietê. Na data indicada, verificou-se que as nascentes produziram mais de três metros cúbicos de água por hora. Ao longo do seu trecho inicial, o Rio Tietê recebe a contribuição de vários afloramentos de lençol freático (nascentes), tornando-se um córrego de elevado volume de água.

Após as explicações dos guias, tivemos oportunidade de coletar uma amostra de água (Foto 12), onde pudemos analisar o pH da água e discutir juntamente com os visitantes um dos parâmetros de qualidade de uma água potável (Foto 13).



Foto 12 – Coleta da água da nascente.                               



                   Foto 13 – Análise e discussão da qualidade da água.

Após a visita ao Parque fomos visitar a Igreja Matriz da cidade (Foto 14). Os pescadores e seus familiares puderam ter instantes de meditação e apreciaram este importante e interessante monumento cultural e religioso.

Curiosidade:
A Igreja Matriz São José de Salesópolis está localizada na área central de Salesópolis e sua arquitetura é a mais vultuosa que a cidade pode avistar. Construída em 1908 e ocupando uma área de 2.125m2, é o marco principal da cidade que, com extrema aptidão para o turismo, atrai inúmeros visitantes que se dirigem para orar e contemplar a virtual beleza expressada em sua arquitetura (Foto 15). 




Foto 14 – Igreja Matriz de São José de Salesópolis          Foto 15 – Arquitetura do interior da Igreja.



No retorno para São Paulo, aproveitamos a oportunidade para fazer com que os participantes refletissem sobre a questão da preservação de nossos recursos hídricos e, levantamos questionamentos, como por exemplo: como uma água tão limpa em suas nascentes pode se tornar tão poluída enquanto atravessa os Municípios de Guarulhos e São Paulo e no final é bombeada para a represa Billings?


Agradecimentos Finais
A Associação de Turismo da Ilha do Bororé – ATIBORÉ, através de sua diretoria e associados participantes, agradece a todos que participaram desta oficina, a Prefeitura de São Paulo pelo financiamento através do FEMA, os pescadores e familiares, a coordenação e equipe técnica do projeto, guias, palestrantes, o motorista do ônibus (morador da Ilha do Bororé) que nos conduziu com extrema destreza e segurança, tanto na ida como na volta, a empresa proprietária do ônibus, que substituiu o primeiro ônibus logo que este apresentou problemas mecânicos, enfim, agradecemos a  todos que participaram deste evento e que agora se tornaram multiplicadores destes conhecimentos.


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